Black Metal é um estilo diferenciado e extremamente venerado pelos apreciadores. Sabemos da história deste estilo no estado de Santa Catarina, e hoje conversamos com a banda, considerada por muitos, um dos principais expoentes do estilo no estado. Trata-se da banda IMPIEDOSO, onde falamos com o baixista e fundador do grupo Nahash, onde o meso falou um pouco sobre o estilo em si, discografia, história projetos atuais e futuros, confiram:

 

TMW: Conte um pouco da história de como surgiu o Impiedoso?

Nahash: No início da década de 90, eu tinha uma banda chamada Imperium Tenebrae, que foi a primeira banda de Black Metal de Jaraguá do Sul/SC e uma das pioneiras nesse estilo na região. O que fazíamos era algo muito bom, pois não estávamos ali para brincar, vivíamos intensamente tudo aquilo, mas ocorreram algumas divergências entre os membros, então eu e o Agranamariu decidimos acabar com o grupo e dar continuidade ao que queríamos sob outro nome. O Azoth sempre estava junto em nossos ensaios e shows, e sempre foi um grande amigo nosso e prontamente se juntou a nós para formarmos o Impiedoso.

Todo final de semana fazíamos músicas novas, e ensaiávamos muito, muito mesmo, sábados durante o dia inteiro eram feitos os ensaios, à noite fazíamos composições novas durante a madrugada toda. E domingo ensaiávamos de novo, tudo regado à muita Vodka, é claro (risos).

Nunca passou pela nossa cabeça mudar nosso tipo de som para querer agradar a alguém, fazíamos o que gostávamos. Realmente vivíamos aquele sentimento, aquela forma de pensar herege e sempre soubemos que isso duraria até nossa morte.

 

TMW: Fale um pouco sobre a discografia do grupo. E qual, na percepção da banda, é o álbum mais aceito pelo público?

Nahash: Em 99 gravamos nossa primeira demo, “Master of Darkness”. Não encontrávamos baterista na época, então assumi esse posto para essa gravação. Alugamos um estúdio para gravar, e passamos uma tarde ali fazendo uns testes, gravando algumas músicas pra ver como ficavam. No dia seguinte voltamos lá para continuar, tinha uma tempestade infernal acontecendo naquele dia, e durante as gravações o lugar foi atingido por um raio: pegou fogo na aparelhagem do dono do estúdio, e decidimos lançar a demo com o que já tínhamos gravado até então. Foi em formato K7 com as músicas “Fire”, “Master of Darkness”, “Under the Moon’s Domain” e “Blasphemy”.

Em 2004, já com outra formação (eu no baixo, Dirceu na bateria, Jonathan e Rafael nas guitarras, Azoth no vocal), gravamos a segunda demo intitulada “Unholy Prophecy”. Foi gravada ao vivo, num show na cidade de Guaramirim-SC, no Curupira Rock Clube. Tem cinco músicas: “By Disgrace of God”, “Destruction”, “Freedom Forever”, “Impiedoso” e “Unholy Prophecy”.

Em 2009 gravamos o Abismo da Desgraça, dessa vez com Tenebroculto e Jagar nas guitarras e Aldebaran na bateria. No início, fizemos poucas cópias desse trabalho (acho que umas 300). Esgotou muito rápido, e fomos fazendo lotes de cópias conforme o pessoal ia pedindo, mesmo investindo muito pouco na divulgação, conseguimos espalhar nossa maldição para um grande número de maníacos, a coisa foi se espalhando de boca em boca mesmo, e não só no Brasil, a repercussão foi ótima.

 

TMW: É inegável que no final dos anos 90, o Black Metal estava em voga, portanto hoje o estilo, ainda reina no underground. Qual a sua opinião sobre isso?

Nahash: O Black Metal não deveria ser chamado de estilo de música, mas de estilo de vida. O sentimento que vem à tona quando você ouve bandas desse tipo é inigualável. E as bandas da década de 90 fizeram um trabalho muito bem-feito nesse sentido, o que justifica o grande número de seguidores.

 

TMW: Quais as maiores dificuldades em levar adiante uma banda extrema no Brasil?

Nahash: O apoio daqui é zero, ainda mais para uma banda de Black Metal num país que é laico só no papel. O Impiedoso só está aqui ainda porque gostamos demais do que fazemos, isso e todos aqueles que apoiam nosso trabalho nos dão forças para remar contra a correnteza.

 

TMW: E como vocês enxergam a cena catarinense nos dias de hoje?

Nahash: Estamos chegando bem perto de duas décadas de atividade. Vimos e convivemos com muitas bandas que já não existem mais, porém todas deixaram seu legado, e ainda mais bandas surgiram por aqui. A cena catarinense é fortíssima, só que infelizmente não conseguimos ver claramente isso, a quantidade de shows aumentou muito de 1990 pra cá, então os headbangers se distribuem entre esses eventos, sendo muito difícil lotar uma casa de shows atualmente. Não sei se é falha na comunicação ou falta de caráter de muitos produtores que insistem em fazer eventos em locais próximos na mesma data, sem falar nas promessas não cumpridas, o que desanima qualquer um a sair de casa (lembram do Zoombie Ritual?). O que não pode acontecer é deixarmos essa cena morrer, temos que apoiar as bandas.

 

TMW: Comparando a qualidade das bandas underground daqui com as gringas, como você vê a evolução do cenário no Brasil, de modo geral?

Nahash: As bandas daqui são fantásticas, não perdem em nada para as gringas. Muitas bandas daqui inclusive servem de inspiração para as de fora do país, aquele pensamento (que era relativamente comum) de que as bandas de fora são melhores, e aqui só tentamos copiá-las, acabou, aprendemos, mesmo que tardiamente, a dar valor ao que temos.

 

TMW: Vocês estão trabalhando em um novo álbum, “Reign in Darkness”. O que pode adiantar sobre este trabalho? E qual é a previsão para lançamento?

Nahash: Sem dúvida será nosso melhor trabalho até agora, escolhemos algumas músicas e resolvemos trabalhar intensamente nelas. Contém algumas dos lançamentos anteriores como Demônio da Sedução, que muita gente pediu para incluir no novo álbum e outras inéditas. O processo de masterização já foi concluído, e estamos em processo de fabricação do material físico. Esperamos lançar “Reign in Darkness” já no início do próximo semestre.

 

TMW: Além do álbum, vocês pretendem lançar algum material adicional para divulgar ainda mais este full length?

Nahash: Além de lançar o CD e divulgar em plataformas de streaming, estamos analisando a possibilidade de fazermos um videoclipe, e também lançar algo em vinil, mas essa é uma segunda etapa.

 

TMW: Fale um pouco da atual parceria com a Sangue Frio Produções/Records?

Nahash: A Sangue Frio Produções está se mostrando um grande aliado, nos auxiliando muito além do esperado, e espero que continuemos essa parceria por muito tempo.

Acesse: http://www.sanguefrioproducoes.com/bandas/IMPIEDOSO/47 

 

TMW: Muito obrigado pela entrevista, deixe suas considerações finais e um recado para aqueles que apoiam a banda.

Nahash: Agradeço a oportunidade, gostaria de dizer a todos os headbangers para não desanimarem devido à incompetência de muitos produtores de eventos. Temos bandas extremamente boas aqui no país, e muitas precisam do apoio do pessoal para se manterem firmes, fui em muitos shows (inclusive de bandas gringas), que estavam vazios porque o pessoal estava “boicotando” tal produtor, porém as bandas não tinham nada à ver com o problema. Digo novamente: não podemos deixar a cena morrer!

E para aqueles que apoiam a Impiedoso: vamos continuar juntos, e cada dia mais fortes, preparem-se para a suprema profanação “Reign in Darkness”

Formação atual:
Azoth – Vocais
Nahash – Baixo
Mortuum – Guitarra
Jagar – Guitarra
Aldebaran – Bateria

Contato para shows e assessoria: www.sanguefrioproducoes.com/contato

Sites relacionados:
https://www.facebook.com/Impiedoso-1399801293604720/
http://www.sanguefrioproducoes.com/artistas/Impiedoso/47

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